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Por falta de espaço, vários textos elaborados por integrantes da turma EA-69 não foram aproveitados no livro comemorativo dos 50 anos de formatura. Pelo mesmo motivo, outros tiveram que ser resumidos. Em respeito aos seus autores, esses textos são publicados nesta seção (que está aberta a outras contribuições, pois sempre haverá tempo e espaço para boas histórias).
CORAL LUIZ DE QUEIROZ
Sonia Carmela Falci Dechen
A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ não foi apenas nossa Escola de Engenharia Agronômica! A arte sempre fez parte dela, fosse por meio dos professores, como o distinto pianista Prof. Alcides Guidetti Zagatto, ou por seus alunos, como Antonio Carlos de Mendes Thame e Wesley Jorge Freire, também exímios pianistas. O CD Projeto Centenário – Volte à Escola, gravado pela ADEALQ em 1998, fez um belíssimo resgate das tradições artísticas daqueles que tiveram o privilégio de aqui estudar.
Atualmente o Coral Luiz de Queiroz é composto por alunos da graduação e da pós-graduação, servidores docentes e não docentes, bem como seus dependentes e pessoas da comunidade, tendo, em média, 70 integrantes/ano. Integra o Serviço de Cultura e Extensão Universitária e tem como finalidade estudar e apresentar o universo da música coral, proporcionando a confraternização e valorização da comunidade esalqueana. Os cargos de Regente Titular e Diretora Artística são ocupados pela Maestrina Cíntia Pinotti.
Segundo o Prof. Zilmar Ziller Marcos, já no início da gestão do prof. Hugo de Almeida Leme (1960-1963), houve a sugestão, quiçá do Prof. Alcides Guidetti Zagatto, da formação de um coral. O Prof. Hélio de Almeida Manfrinato, regente há vários anos do Coral Rev. James William Koger da Igreja Metodista de Piracicaba, foi o regente convidado. O pequeno grupo se reunia no salão nobre e um piano e dois violoncelos foram providenciados. Entretanto, o grupo não prosperou e o piano foi doado ao CALQ.
Transcrevo, a seguir, excerto do Concerto Coral realizado em 15 e 16 de outubro de 1964 (foto acima), pelo Coral Universitário (Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Coral São Marcos (Centro Acadêmico XV de Maio, da Faculdade Serviço Social de Piracicaba) e Madrigal Feminino da Escola de Música de Piracicaba, sob a regência do Maestro Ernst Mahle.
Coral Universitário
É o estreante de hoje, tendo iniciado seus ensaios a 5 de agosto deste ano. Formado por moços e moças da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Faculdade de Serviço Social e contando com a colaboração de alguns elementos ligados à Escola de Música de Piracicaba, é um conjunto que promete, se continuar perseverando em seus trabalhos.
Há dois anos, o Prof. Hugo de Almeida Leme convidara o Prof. Ernst Mahle para organizar um Coral Universitário. Elementos ligados ao Centro Acadêmico também se entusiasmaram com a ideia, naquela época.
Por várias razões, somente este ano é que o projeto pôde ser concretizado, tendo os Centros Acadêmicos das duas Faculdades não poupado esforços e boa vontade para que os trabalhos fossem iniciados.
O “Coral Universitário” estreia hoje, somente com duas músicas; considerando, porém, seu pequeno tempo de vida, que seus ensaios são realizados apenas uma vez por semana e que a maioria dos elementos começa agora a ler música, a apresentação de hoje significa já uma pequena vitória e um estímulo para prosseguir.
Depoimento do colega Wesley Jorge Freire: "Eu me lembro de que, quando era bicho, fui ao Centro Acadêmico assistir a uma orquestra de câmera regida pelo Maestro Mahle. Tocaram uma conhecidíssima peça de Mozart, da qual, neste momento, não me lembro do nome, mas me lembro da melodia! Logo depois cantei por pouco tempo no coral universitário regido pelo Mahle. Por algum motivo, ele acabou pouco depois. Assim, temos o nome do Maestro Mahle como regente do Coral Luiz de Queiroz em 1964 e 1965".
No programa do concerto do Coral Misto e Coro Falado, do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 26 de setembro de 1965 (foto acima) no auditório do CALQ, encontramos os nomes dos colegas Palmira R. Righetto (sopranos), Lizete B. Menezes, Sonia C. Falci (contraltos), Agostinho Boggio, Celso Pommer, Erasmo Soares, João Régis Guillaumon, Juarez Betti, Jorge Strass (tenores), Rubens Donaldo Ferraz, Ricardo Victória Filho, Rubens Sader, Paulo Yoshio Kageyama, Elias Zagatto (baixos). O nome de Wesley Jorge Freire não consta do programa: provavelmente já havia deixado o grupo, como acima relatado.
A gestão de Antônio Carlos de Mendes Thame como presidente do CALQ (1968-1969) e Lineu Siqueira Júnior como Diretor Artístico, protagonizou o ressurgimento do Coral Luiz de Queiroz e o despontar do Teatro Universitário do CALQ, o TULQ. Naquela época, a diretoria da ESALQ, gestão do Prof. Eurípedes Malavolta (1966 - 1970), além de ceder o salão nobre para ensaios, também fornecia uma pequena ajuda monetária. Com isso, foi possível contratar o maestro Benito Juarez. Entretanto, essa fase não durou muito tempo, posto que Benito Juarez foi contratado como Maestro da Orquestra Sinfônica de Campinas. Novo convite ao Maestro Ernst Mahle foi aceito, mas essa sua passagem pelo Coral Luiz de Queiroz foi de pouco mais de um ano, para se desligar no início dos anos 1970. Segundo Cidinha Mahle, a formação de uma orquestra sinfônica para atuar com o coral foi um dos projetos apresentados à Diretoria da ESALQ, mas não foi aprovado, assim como o de uma orquestra de cordas ou mesmo de um quarteto de cordas.
Já o TULQ, dirigido por Fernando Muralha, conseguiu verbas, ganhou vários prêmios e foi atuante por alguns anos. Esforço não faltou para que esses projetos se realizassem: como a quantia disponibilizada não era suficiente para acomodação em hotel, Lineu Siqueira Júnior hospedava em sua casa tanto Benito Juarez como Fernando Muralha.
Em 4 de junho de 1975, a convite do Prof. Salim Simão, Diretor da ESALQ (gestão 1974 - 1978), uma Comissão de Música, com o objetivo de trabalhar para um novo ressurgimento do Conjunto Coral e para a organização da Orquestra Luiz de Queiroz, foi constituída pelos Prof. Justo Moretti Filho, Prof. Hélio de Almeida Manfrinato, Engª Agrª Sonia Carmela Falci e Prof. Wesley Jorge Freire. Uma segunda, denominada Comissão Coordenadora do Coral, foi constituída pelos Prof. Paulo de Campos T. de Carvalho, Prof. Zilmar Ziller Marcos, Sra. Dina Maria Bueno Moretti, Sra. Sílvia Carvalho e Sr. João Barbosa Duarte. Entretanto, apesar dos esforços da Diretoria e das comissões implantadas, os propósitos musicais não prosperaram. Assim, em junho de 1976, o coral convidado para participar das comemorações dos 75 anos de fundação da ESALQ foi o Coral Rev. James William Koger, da Igreja Metodista de Piracicaba, sob a regência do Prof. Hélio de Almeida Manfrinato.
Em 1977-78, o Prof. Zilmar Ziller Marcos compôs o Hino à ESALQ. A comissão de formatura da turma de 1978 apresentou-o em sua solenidade de colação de grau, em janeiro de 1979. A intenção foi homenagear o Prof. Salim Simão, diretor da ESALQ (gestão 1974 -1978), mesmo período em que os formandos lá estiveram como alunos, destacando uma das poucas coincidências de ingressos de turma e período de diretoria da ESALQ.
Com o sucesso alcançado nessa solenidade, a semente várias vezes adormecida do Coral Luiz de Queiroz rebrotou com todo vigor e, em março de 1979, o Prof. Aristeu Mendes Peixoto (gestão 1978-1982) convocou nova Comissão Organizadora do Coral da ESALQ, constituída pelo Prof. Paulo de Campos Torres de Carvalho, Prof. Zilmar Ziller Marcos, Engº Agrº Guido Zanlorenzi, Bel. João Barbosa Duarte e Acadêmico Cleimon Eduardo do Amaral Dias. Assim, na solenidade dos 80 anos da ESALQ, em 3 de junho de 1981, um grande Coral Luiz de Queiroz foi apresentado à comunidade esalqueana, com regência do Maestro Hélio de Almeida Manfrinato. Em 9 de junho de 1981, o Diretor da ESALQ, Prof. Aristeu Mendes Peixoto encaminhou correspondência ao professor Zilmar Ziller Marcos, com o seguinte teor parcialmente reproduzido a seguir:
Tendo em vista o grande êxito obtido pelo Coral Luiz de Queiroz em sua primeira apresentação no dia 3 de junho próximo passado, bem como outras atividades culturais realizadas dentro das comemorações do 80º aniversário da ESALQ, esta diretoria resolveu ampliar e reformular a Comissão designada no ano passado para coordenar as atividades desse cunho.
Nesse sentido, venho à presença de V. Sª para informá-lo que a nova Comissão passará a denominar-se COMISSÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS, diretamente ligada à Diretoria, com a seguinte composição: Prof. Zilmar Ziller Marcos – Presidente, Prof. Hélio de Almeida Manfrinato, Dr. João Barbosa Duarte, Prof. Antonio Roque Dechen e Acadêmico Paulo Rubens Moraes Costa.
Ressalte-se que, mesmo em uma ausência temporária do Dr. Hélio de Almeida Manfrinato por motivo de viagem, o Coral Luiz de Queiroz continuou sua trajetória sob a regência do Acadêmico Paulo Ribeiro Rios.
Aquele ano de 1981 foi profícuo para o Coral Luiz de Queiroz: em 2 de julho um concerto seu marcou o encerramento do primeiro semestre de 1981, no chamado Canto da Arte, defronte ao prédio principal (fotos abaixo).
Em 14 de novembro, participou do Encontro de Corais em Piracicaba, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura e pela Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Em 26 de novembro, com um programa com Cânticos de Natal, apresentou-se no Encerramento do 2º Período Letivo de 1981. Em 6 de dezembro, fez parte da Sessão de Abertura do Simpósio Internacional de Engenharia Genética, no Salão Nobre da ESALQ.
Em fevereiro de 1982 os integrantes do Coral Luiz de Queiroz foram chamados para a programação do ano: aniversário da ESALQ (3 de junho), encerramento do primeiro semestre (24 de junho), Semana Luiz de Queiroz (8 e 9 de outubro), encerramento do segundo semestre, Dia Nacional de Ação de Graças e Abertura da Temporada do Natal (25 de novembro). Em 15 de julho de 1982, participou também da cerimônia de abertura da XIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, no Salão Nobre da ESALQ, apresentando o Hino da Zootecnia, de autoria do Prof. Zilmar Ziller Marcos em arranjo de Egildo Pereira Rizzi.
1º de agosto de 1987. Carta do Vice-Presidente para Assuntos Culturais do CALQ – Acadêmico Rui H. Serzedelo, informando o Prof. Humberto de Campos dos trabalhos visando à reorganização do Coral da ESALQ, aberto à participação de alunos, funcionários e professores. Solicitava também, o uso do Salão Nobre da ESALQ (com piano) para os ensaios que seriam realizados a partir de 17 de setembro daquele ano.
17 de agosto de 1987. Circular do Departamento Cultural do CALQ informando que o músico Marcos Tadeu Januário aceitou o convite para reger o Coral Luiz de Queiroz. Marcos é fagotista, rege a Orquestra Infanto-Juvenil da Escola de Música de Piracicaba (EMP) e o Coral Franciscano, é baixo-solista do Coral Misto da EMP, tem sólidos conhecimentos de técnica vocal eainda é professor de matemática no Anglo: foi assim a apresentação do conhecido Janu à comunidade esalqueana. Foi bastante interessante o relato da parceria do CALQ/ESALQ/EMP, na qual esta ofereceu preços especiais para vários de seus cursos aos alunos que participassem do Coral ESALQ (nome que constava da Circular).
25 de novembro de 1987. Comunicado de Maya Takagi, Secretária Auxiliar do CALQ, ao Prof. Vidal Pedroso de Faria, Administrador do Campus Luiz de Queiroz, sobre a apresentação do Coral Luiz de Queiroz em 02 de dezembro às 21:00 h, no Salão Nobre da ESALQ.
16 de dezembro de 1988. Convite da Comissão de Atividades Culturais do CALQ para duas apresentações do Coral Luiz de Queiroz em 18/12/1988 às 9:00 h, na Praça da Catedral (em homenagem à volta do monumento de Luiz de Queiroz à Praça José Bonifácio) e em 20/12/1988 no Salão Nobre da ESALQ: Natal! A regência foi de Marcos Tadeu Januário.
5 de abril de 1989. Ofício do Diretor da ESALQ, Prof. Humberto de Campos (gestão 1987 - 1991), ao Reitor da USP, Prof. José Goldemberg, consultando sobre a viabilidade de contratação de Marcos Tadeu Januário, em tempo parcial, como Regente do Coral Luiz de Queiroz. Essa solicitação foi baseada na consulta realizada em 05 de dezembro de 1986 pelo Diretor da ESALQ, Prof. Joaquim José de Camargo Engler (gestão 1982 – 1986) ao ser informado pelo Vice-Diretor, Prof. Urgel de Almeida Lima, que um regente do CORALUSP poderia ser solicitado comparecer à ESALQ para avaliar a possibilidade de o Coral Luiz de Queiroz ter um regente designado para desenvolver essa atividade cultural no Campus Luiz de Queiroz. O ofício ao Prof. Orlando P. de Miranda, Coordenador de Atividades Culturais da USP foi enviado no mesmo dia.
7 de julho de 1989. Circular do Assistente Acadêmico da ESALQ, João Barbosa Duarte, aos professores e funcionários, informando que a solicitação de um Regente para o Coral havia sido atendida pelo Reitor da USP e que, para tanto, um concurso foi realizado e, entre os candidatos, a escolha recaiu sobre o Prof. Nelson Norberto de Souza Vieira Sobrinho, cujo pleno exercício de suas funções (Técnico Operacional Superior, área de atuação de Regente de Coral; Diário Oficial do Estado de São Paulo, número 123, de 5 de junho de 1989) estava previsto para 11 de julho de 1989. Nesse mesmo dia ele já deu início à seleção de vozes dos interessados em participar do Coral. A seleção continuou também nos dias 28 de julho e 1º, 15 e 17 de agosto de 1989. E o Coral Luiz de Queiroz era novamente realidade: há relatos de programas apresentados no Campus da USP em Ribeirão Preto (26 de outubro de 1990), no Campus da USP em Bauru, em um Encontro de Corais denominado Noite de Canto e Encanto (30 de novembro de 1990) e em 7 de dezembro de 1990, no encerramento das atividades do segundo semestre do ano. (foto abaixo)
Com a aposentadoria do Maestro Prof. Nelson Norberto de Souza Vieira Sobrinho, em junho de 1998 a Maestrina Cíntia Pinotti assumiu o cargo de Regente Titular e Diretora Artística do Coral Luiz de Queiroz. Seu primeiro projeto foi a coordenação da gravação do CD – Projeto Centenário, Volte à Escola, idealizado pela ADEALQ! (foto abaixo)
O Coral Luiz de Queiroz integrou as comemorações do Brasil 500 de Piracicaba no ano 2000 em apresentação que reuniu 700 pessoas entre coralistas, dançarinos e atores no Ginásio Municipal Waldemar Blatkauskas.
Nas comemorações do Centenário da ESALQ – 2001 e nos 70 anos da USP – 2004, o Coral Luiz de Queiroz esteve presente, apresentando o espetáculo coral-cênico “Forrobodó” de Chiquinha Gonzaga com adaptação da Maestrina Cíntia Pinotti e nos 75 anos da USP – 2008 - com “Allexandrina in Concert” – um musical piracicabano com argumento da Profa. Marly Therezinha Germano Perecin e roteiro de Lauro Pinotti.
Participou também dos Encontros de Corais (2003, 2007 e 2009) de Belo Horizonte, MG e em 2005 do lançamento da base avançada do SVCEX nas Ruínas São Jorge dos Erasmos, em Santos, SP. Participa assiduamente, desde sua instituição em 2007, dos ENACOPI (Encontro Nacional de Corais de Piracicaba).
Em 2013 o Coral Luiz de Queiroz, contemplado com projeto da pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, voltou a apresentar a burleta de costumes “Forrobodó” em quatro apresentações no mês de outubro, no Teatro Erothides de Campos em Piracicaba. Nesse mesmo ano foi protagonista de dois programas “Caminhos da Roça”/Fernando Kassab da EPTV, para divulgação da burleta, gravados no Museu Luiz de Queiroz.
O Coral Luiz de Queiroz criou, em 2013, um grupo noturno para ampliar seu repertório, valorizando a música erudita, escrita especialmente para coral misto, com ênfase na música sacra.
Em 2015 o grupo recebeu Moção de Aplausos da Câmara Municipal de Piracicaba, de autoria do vereador André Bandeira, pela apresentação na Ponte Pênsil Tião Carreiro e pelos 45 anos da canção Rio de Lágrimas, inserida em seu repertório há 15 anos.
O Luzes&Vozes
Em 1996, para comemorar os 95 anos da ESALQ e presentear Piracicaba com momentos de espiritualidade e lazer no final de ano, o Projeto Iluminação Natalina do Prédio Central foi concebido pela Diretoria da Escola com a participação de membros da Prefeitura do Campus. Foram utilizadas 85 mil lâmpadas que cobriram todas as janelas, portas e contornos do prédio central. Às luzes foram acrescentadas melodiosas vozes, criando o “Encontro de Corais Luzes&Vozes” (nome inspirado, idealizado pelo então Vice-Diretor, Prof. Antonio Roque Dechen) que há 23 anos tem atraído à ESALQ centenas de pessoas todas noites, na primeira semana de dezembro. O Coro Anfitrião do evento é sempre o Coral Luiz de Queiroz, sob a coordenação artística da Maestrina Cíntia Pinotti, e recebe cerca de 900 coralistas nas cinco noites do Luzes&Vozes. A proposta da ESALQ com a realização do Encontro de Corais Luzes&Vozes é a promoção e difusão da arte e da cultura através do estímulo à prática do canto coral e das canções natalinas.
Este evento reúne vários corais de escolas, faculdades, igrejas, empresas, clubes, comunidades, amigos, todos eles unidos por um ideal comum: cantar. Esse Encontro tornou-se um Cartão de Natal Musical e é esperado tanto pelos corais como pelo público como um marco de renovação de alegrias e esperanças.
Em 2019, realizando o XXIV Luzes&Vozes, apresentaram-se os Grupos Musicais da ESALQ e foram recebidos corais convidados de Piracicaba e região.
Concluindo: a semente era boa e frutificou! E como!!! Hoje a ESALQ tem o Coral Luiz de Queiroz, o Grupo Vocal (criado em 2000), a Orquestra Luiz de Queiroz (criada em 2012) e o Coral Luiz de Queiroz-Noite (criado em 2013). E como Samuel, podemos dizer: Até aqui nos ajudou o Senhor. (I Samuel, 7: 12)
História do Hino da ESALQ
Nos idos de 1975, voltei minha atenção para o fato de que, na ESALQ, conquanto tivéssemos diversos cânticos e gritos de guerra para eventos esportivos, não tínhamos um Hino que nos representasse como um símbolo. O arquivo protocolar HINO DA ESALQ contém um hino preparado por músicos da cidade, amigos da ESALQ, que não sensibilizou a comunidade esalqueana e passou despercebido ao longo dos anos.
Com a intenção de fazer uma tentativa para preencher a lacuna, embora não me considere um músico, pensei em colocar em prática algumas ideias sobre hinos. Deve ser curto, duas estrofes e um estribilho, para facilitar a memorização dos nossos alunos. A melodia bem casada com a letra, tanto na expressão melódica, quanto na posição das vogais, em relação às notas; por exemplo, evitar a vogal “i” em notas graves ou agudas. A letra deveria dar destaque à escola quanto à sua razão de existir, colocando em destaque a missão de seus formandos.
Comecei lentamente, ao longo de semanas, no começo de 1976. Naquele ano, a comunidade esalqueana estava envolvida em muitas atividades relacionadas aos 75º aniversário da ESALQ. No meio do ano, anunciou-se a abertura do concurso para escolha do Hino da ESALQ. Diante da possibilidade de haverem músicos e poetas interessados em participar, deixei de lado o meu projeto.
Nove obras foram inscritas e submetidas à comissão julgadora, composta de maestros renomados de São Paulo.
Esta parte da história é uma encruzilhada com a história ODE À ESALQ (ver história da Ode). Todos os inscritos foram recusados, como consta nos arquivos com a análise e julgamento de serem inadequados.
A Comissão do Hino da ESALQ fez nova tentativa abrindo novo concurso para escolha da letra para o Hino. Foram inscritas as nove letras do concurso anterior e mais três novas, totalizando doze composições. Submetidas a uma comissão julgadora, de professores e artistas de Piracicaba, após crítica das letras, por unanimidade também julgaram-nas impróprias.
O ano acadêmico de 1976 encerrou-se com a Sessão Solene do ano jubilar e sem o Hino da ESALQ. Voltei novamente minha atenção para o meu alvo. Gradativamente, a linha melódica e letra foram sendo montadas frase a frase no quadro negro do Laboratório de Física do Solo. Apenas o então aluno de Engenharia Agronômica, Nelson Amado Belo de Oliveira, graduado em 1981, acompanhou o processo estimulando a criação do hino até o final de maio de 1988.
Aguardando alguma inspiração a como prosseguir com o hino, em agosto desse mesmo ano mostrei-o ao grande amigo e longa data, Prof. Hélio de Almeida Manfrinato, do Departamento de Engenharia da ESALQ e maestro criador do Coral Luiz de Queiroz e da Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Ele deu-me dois presentes: a frase “eu deveria ter feito isto” e, no dia seguinte a transcrição das minhas bolinhas pretas no pentagrama para uma partitura completa para canto.
A oportunidade para colocar o hino em teste apareceu, acidentalmente, no final de 1978, ao receber a visita dos formandos José Carlos Neves Epiphânio e Marcos Hatiro Matsunaga. Os dois, representantes discentes na congregação da ESALQ, estavam interessados em informações sobre a atuação didática dos docentes; julgavam que eu as poderia dar. Houve uma ligeira discussão e troca de argumentos quando, subitamente, exclamei: “Querem saber como animar esta escola? Sentem e ouçam ...”, ‑ falando tranquei a porta de minha sala – “... em primeira audição, um hino para esta escola. Os dois, calados, ouviram o canto até o final que foi seguido da exclamação do Epifânio: “que cacetada!”. O saudoso Prof. Walter Accorsi, espírita convicto, quando ouviu este relato disse: “sem dúvida, Luiz de Queiroz estava ali”.
E o final foi mesmo algo intrigante, pois num repente disse aos dois, Epiphânio e Hatiro: “Num curso de quatro anos, todo Diretor, com mandato também de quatro anos, tem uma turma que entra e sai com ele, mas nem toda turma tem diretor. A sua turma tem o diretor Prof. Salim Simão, que entrou e sai com vocês. Sabiam disso? Pois bem, pretendem fazer alguma homenagem a eles?” Diante da resposta negativa, combinada com surpresa, disse: “dou de presente para sua turma, esse hino, para cantarem como homenagem ao seu Diretor. Apresentem a ideia aos três curso, em segredo, e, se aceitarem, ensaiaremos o hino para cantá-lo ao final da ceriônia da colação de grau.
Assim foi feito. Nos anos seguintes, enquanto o hino foi ganhando aceitação, tratou-se de preparar as partituras completas para piano, coral e orquestra sinfônica. Esses trabalhos foram realizados pelos maestros Igildo Perreira Rizzio, Tonyan Khallyhabby e Nelson Vieira.
Em 1986, após a doação dos direitos autorais, o Hino foi oficialmente incorporado ao patrimônio da ESALQ, A partir de então, com a denominação de Hino da ESALQ é um dos cinco símbolos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo.
LETRA:
A água, o sol e a terra existem com própria beleza.
As plantas silentes e sempre, sustêm o equilíbrio dos ciclos da natureza.
Plantar, criar e conservar, a ESALQ existe p’ra ensinar; cumprindo missão vitoriosa.
Vem inspirar Deusa Ceres os filhos da Gloriosa,
Que partem pelo Brasil a propalar de norte a sul, cumprindo missão vitoriosa.
Plantar, criar e conservar, a ESALQ existe p’ra ensinar; cumprindo missão vitoriosa.
A descrição heráldica do Hino da ESALQ, como um dos cinco símbolos, tem o seguinte texto:
O Hino da ESALQ resultou da combinação de uma cativante melodia, ponteada por passagens vibrantes, com um poema que reúne os componentes essenciais da natureza para sobrevivência de humanos e animais, descritos de modo a anunciar, sucintamente, sua interação. A missão da gloriosa ESALQ e de seus egressos é cantada anunciando uma jornada vitoriosa. O Hino da ESALQ foi apresentado pela primeira vez no dia 11 de janeiro de 1979, na sessão solene de colação de grau da turma de 1978. Foi cantada pelos formandos ao final da solenidade sob a regência do autor.
(Z.Z. Marcos, 55)
TRAJETÓRIA DEDICADA AO BEM COMUM
(texto sobre Antonio Carlos Mendes Thame elaborado pela jornalista Flávia Paschoal - Toda Mídia Comunicação)
A vivência estudantil, sobretudo no período em que atuou no CALQ (Centro Acadêmico Luiz de Queiroz), despertou em Antonio Carlos Mendes Thame o desejo de ajudar a construir a sociedade que almejava, de contribuir para o desenvolvimento do país. Essa motivação norteou sua trajetória na vida pública.
(Foto: acervo pessoal Mendes Thame)
Thame foi prefeito de Piracicaba (1993-1996), secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Estado de São Paulo (1999-2002) e deputado federal por sete mandatos - o último concluído em janeiro de 2019. Deputado constituinte, defendeu os idosos, os recursos hídricos, a sustentabilidade. Esteve entre os 10 melhores deputados federais de 2017 do prêmio Congresso em Foco e figurou na lista dos “Cabeças do Congresso”, divulgada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar), durante oito edições.
Como deputado federal, elaborou leis que mudaram a vida das pessoas, como a que criou o MEI, o microempreendedor individual, e, até 2019, tirou mais de 7 milhões de trabalhadores da informalidade, de acordo com dados do Portal do Empreendedor. Os beneficiados pela legislação passaram a usufruir de direitos previdenciários, pagando contribuição reduzida ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o mínimo de impostos.
Foi um dos parlamentares com maior número de propostas legislativas na área ambiental. Defensor dos biocombustíveis, foi o primeiro deputado a apresentar projeto de lei para instituir a obrigatoriedade do biodiesel.
Representou o Congresso Nacional nas Conferências da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas em Nairobi (2006), Bali (2007), Poznan (2008), Copenhague (2009), Cancun (2010), Durban (2011) e Doha (2012).
Projetos elaborados por Thame deram embasamento à Frente Parlamentar da Economia Verde, instalada em 2019 na Câmara dos Deputados, que tem como bandeira a criação de um novo regime tributário que vincule os preços de bens e serviços a seus custos ambientais, a chamada tributação verde.
DEPUTADO CONSTITUINTE
Thame integrou o grupo que elaborou a Constituição Federal de 1988, que resgatou direitos e definiu deveres dos entes federados e dos cidadãos. Foi o 5º parlamentar em número de emendas aprovadas. Também foi co-autor do artigo 58 das Disposições Transitórias da Constituição Federal, que reajustou os proventos de milhões de aposentados e pensionistas.
(Foto: Alexssandro Loyola)
“Tenho orgulho de ter participado da elaboração da Constituição Cidadã, uma das mais modernas do mundo. Deixamos um capítulo inteiro sobre meio ambiente e podemos dizer que hoje, décadas à frente de outros países, a nossa é a que melhor protege o ambiente”, afirma.
Detalha que a Constituição de 1988 assegurou direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e a livre manifestação. Foi responsável por nortear políticas públicas em áreas sociais, como Saúde, Educação e Previdência Social. Garantiu direitos trabalhistas. Foi um marco importante para o direito do consumidor, cuja proteção passou a ser um dever do Estado. Também fortaleceu e tornou independente o Ministério Público Federal. “É um marco extraordinário na defesa dos direitos fundamentais e na estabilidade das instituições. Em qualquer situação, a Constituição aponta o caminho”, declara.
PREFEITO DE PIRACICABA
Como prefeito de Piracicaba, Thame priorizou as áreas da saúde, saneamento, social, segurança e de infraestrutura. Durante sua administração, foi iniciada a construção da primeira estação de tratamento de esgoto da cidade. Atualmente, Piracicaba é referência no país em saneamento básico, com nota máxima em ranking da Universalização do Saneamento divulgado pela Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
Em sua gestão, foram construídas as unidades de pronto-socorro da Vila Cristina, Piracicamirim, Vila Rezende e Vila Sônia. Foram implantados os programas de desafetação de áreas e urbanização de favelas. Foram criados os Clubins, que chegaram a atender mais de 5.000 crianças no período complementar ao da escola, e priorizada a iluminação nos bairros periféricos, como forma de aumentar a segurança.
(Fotos: acervo pessoal Mendes Thame)
EM DEFESA DOS RECURSOS HÍDRICOS
Neste período, Thame foi o primeiro presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Instalado em 18 de novembro de 1993, o órgão foi pioneiro no Estado de São Paulo e referência para comitês criados posteriormente por todo o país, para garantir a recuperação e a preservação da qualidade e quantidade da água para as futuras gerações. “Tínhamos a visão de que questões ligadas a recursos hídricos deveriam ser tratadas em um projeto coletivo, e não apenas por uma cidade. Os comitês seriam eficientes por permitirem a participação de todos, com envolvimento e corresponsabilidade. Os representantes dos poderes constituídos (federal, estadual e municipal), das empresas e dos usuários dariam sua contribuição. E o tempo provou que estávamos certos”, relembra.
Os resultados comprovaram a expectativa inicial. Relatório de gestão das Bacias PCJ revelou que o índice de tratamento do esgoto gerado nestas bacias atingiu 83% em 2016.
Como secretário estadual de Recursos Hídricos, Thame conduziu a criação dos comitês de bacias hidrográficas no Estado e contribuiu na busca de soluções para o problema das enchentes na grande São Paulo. Coordenou as obras de aprofundamento da calha do Tietê e a construção de piscinões.
Ao fazer um balanço da vida pública, o formando da turma de 1969 resume: “Durante minha trajetória, procurei atender aos pleitos da população, quando atuei no Executivo, e ser o interlocutor das principais demandas, no Legislativo, ao propor projetos de lei, ao me posicionar nas votações da Câmara e ao apresentar emendas parlamentares para auxiliar áreas carentes de recursos. Desta forma, acredito que tenha dado a minha contribuição para a construção e um país mais justo.”
LIVROS PUBLICADOS
- Álcool Energia Verde (organizador)
- A cana-de-açÚcar retratada em São Paulo (organizador)
- A História do carro flex no Brasil (organizador)
- Museu da Água (organizador)
- Rio Piracicaba – Vida, Degradação e Renascimento (organizador)
- Franco Montoro (organizador)
- Comitês de Bacias Hidrográficas – uma revolução conceitual (organizador)
- A cobrança pelo uso da água na agricultura (organizador)
- Acidente de Trabalho – Um péssimo Negócio – perguntas e respostas (organizador)
RECONHECIMENTOS PÚBLICOS
1969 – Medalha Luiz de Queiroz – ESALQ
1988 – Medalha de Ouro Promulgação da Constituição
1993 – IHGP - Medalha do Mérito Prudente de Moraes
1995 – Troféu A Encarnado
1996 – Homenagem do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari
1997 – Homenagem na Entrega da Duplicação SP-147 entre Piracicaba e Limeira
1998 – Câmara Municipal de Anhembi - Cidadão Honorário
2000 – Palmares Paulista - Fundo Social de Solidariedade - Cidadão Palmarense
2001 – ESALQ - Engenheiro do Ano 2001
2001 – Associação Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo - Engenheiro do Ano
2001 – Governo de Estado de São Paulo – Medalha de Honra ao Mérito Científico e Tecnológico
2001 – Medalha de Ouro do Poder Judiciário. Tribunal Regional do Trabalho 15ª Região
2001 – Medalha de Ouro da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
2001 – Medalha ESALQ 100 Anos
2001 – Medalha Científica Prof. Dr. Walter Radamés Accorsi
2002 – Homenagem Mérito do TRC Paulista Adalberto Panzan
2003 – Título Cidadão - Câmara Municipal de Andradina
2003 – Título de Cidadão - Câmara Municipal de Lençóis Paulista
2004 – Homenagem do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz
2004 – Troféu Personalidade Política - Melhores do Ano
2004 – Título de Cidadão - Câmara Municipal de Saltinho
2005 – Homenagem do Instituto de Zootecnia - Ano do Centenário
2006 – Honra ao Mérito Governador de Goiás - Conselho da Ordem do Mérito
2006 – Título de Cidadão - Câmara Municipal de Álvares Machado
2008 – Medalha Parlamentar Constituinte
2009 – Centro Acadêmico Luiz de Queiroz – agradecimento
2009 – Troféu Personalidade Política - Melhores do Ano
2009 – Gigantes da Ecologia 2009 – Homenagem
2010 – Título de Cidadão - Câmara Municipal de Iracemápolis
2012 – Prêmio Congresso em Foco - Melhores Deputados do Ano
2012 – Os 15 Homens Mais Influentes de Piracicaba
2012 – Parceiros FATEC - 7º Aniversário de Criação
2013 – Comitês PCJ - Presidente 93-97 - Prêmio Yara
2017 – Prêmio Congresso em Foco - Melhores Deputados do Ano
2017 –Título de Cidadão Câmara Municipal de Santa Bárbara d'Oeste
2018 – Medalha Mérito Parlamentar da Saúde
2018 – Homenagem Alto do Tietê - 20 Anos
2018 – Medalha 44h Presidente of the United States Barack Obama
2018 – Medalha Fernando Costa
2018 – Medalha AEASP
2018 – Medalha Luiz Vicente de Souza Queiroz
2018 – Medalha Grande-Oficial da Ordem do Mérito Anhanguera - Goiás
2018 – Medalha International Association of Occupational Safety Engeneering
2018 – Medalha Mérito da Segurança do Trabalho - Ministério do Trabalho e Previdência Social
INSUMOS MODERNOS PARA A AGRICULTURA
José Erasmo Soares
“Participação efetiva de engenheiros agrônomos da EA-69 no desenvolvimento de insumos modernos para a agricultura brasileira nos últimos 50 anos.”
A agricultura brasileira teve um desenvolvimento extraordinário nos últimos 50 anos. A participação dos colegas da EA-69 na melhoria da produtividade das culturas foi extremamente importante nas diversas áreas do conhecimento.
A publicação da EMBRAPA no trabalho “Evolução de produção e produtividade da agricultura brasileira” mostra que, em 1971, a área plantada de arroz, feijão, milho, soja e trigo era de um pouco mais de 20 milhões de hectares. Em 1976 a área plantada com essas culturas aumentou para 37 milhões de hectares com a produção de 47 milhões de toneladas de alimentos. Em 2018, segundo o IBGE, a área cultivada com essas mesmas culturas saltou para 58 milhões de hectares. A produtividade média por área dessas culturas aumentou no mínimo duas vezes. Esse aumento de área e produtividade também ocorreu nos outros diferentes cultivos. De acordo com a CONAB, a área cultivada no Brasil com grãos, cana-de-açúcar e café atingiu mais de 72 milhões de hectares. Só com grãos, o país colheu, em 2018, 232 milhões de toneladas.
O principal fator de melhoria da agricultura nestes 50 anos foi, sem dúvida, a presença marcante dos engenheiros agrônomos que trabalharam intensamente nas áreas de pesquisas agrícolas e difusão de tecnologia. As áreas de genética e melhoramento, entendimento do perfil do solo, nutrição das culturas, desenvolvimento de insumos, tecnologia de aplicação e desenvolvimento de máquinas para trabalho de solo, semeadura e manejo das culturas foram determinantes para aumento da produtividade.
O melhoramento genético de novas variedades dos cultivares, a busca por variedades mais eficientes e a seleção de variedades mais produtivas e resistentes às pragas, levaram o Brasil a ter uma agricultura muito competitiva, comparada a outros países no mundo. Colegas como Luiz Carlos Fazuoli, trabalhando em café, e José Orlando de Figueiredo, trabalhando com citros, foram exemplos nessa área do conhecimento.
Na área de insumos, o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos para proteção de plantas, o desenvolvimento de tecnologia de aplicação e o desenvolvimento de produtos e formulações para nutrição das plantas foram fundamentais para aumento da produtividade.
Na década de 1970, os produtos químicos usados no combate as pragas eram, predominantemente, produtos clorados persistentes. Embora os produtos clorados DDT e BHC fossem usados para controle de pragas em saúde pública, não se aceitava que fossem mais usados na agricultura em geral. Dessa forma, a indústria química pesquisou e foi em busca de novas moléculas menos tóxicas e menos persistentes mo meio ambiente e modernizou os defensivos agrícolas, pesquisando novas formulações mais seguras para o homem, os animais o ambiente.
Os colegas José Erasmo Soares, Hideo Dodo, Ari Hoffmann, Luiz Iha, Dirceu Siqueira, Ricardo Victoria Filho e Takahiko Higaki participaram efetivamente no desenvolvimento desses novos produtos, pesquisando sua forma de uso e gerando recomendações para os produtores rurais nas diferentes culturas.
Foram introduzidos, a partir do final da década de 1970, produtos modernos que auxiliaram de forma decisiva o controle de insetos, fungos, plantas daninhas e nematoides, mudando o conceito de proteção de plantas no Brasil.
Colegas como Agostinho Boggio, Manoel Ortolan, Guido Hamada, Chinite Sanda, Takemi Ohkawara, Roberto Sordi, Antônio Carlos Oliveira Martins, Albino João Rocchetti, Antonio de Camargo Barros, Adelcio Zagatto, Zacarias Rolim trabalharam intensamente no treinamento e na difusão dessas novas tecnologias, influindo diretamente sobre o comportamento dos produtores rurais.
Colegas como Yasuzo Oseki, Edson Takakura e Evaldo Metzzer Filho desenvolveram metodologias modernas em tecnologia de aplicação e aplicação aérea de insumos.
Colegas como Pedro Furlani e Ângela Maria Cangiani Furlani, assim como Rodolfo Maciel e Roberto Julião Gomes, influíram na evolução da nutrição de plantas nas diversas culturas e auxiliaram os produtores rurais no uso racional desses insumos.
Dessa forma, a contribuição dos colegas da EA-69 foi muito importante para a evolução da agricultura brasileira, quer no aumento da produtividade, quer na expansão da área cultivada no Brasil.
GOVERNO MILITAR MONITORAVA INSTITUIÇÕES QUE
FAZIAM PESQUISA E GESTÃO DE ÁREAS PÚBLICAS
J. Régis Guillaumon
Em 1973 prestei o concurso do Instituto Florestal que, na época, ainda fazia parte da Secretaria de Agricultura. A seleção era para participarmos no “Zoneamento Econômico-Florestal do Estado de São Paulo” e eu fui encaminhado para trabalhar na equipe de sensoriamento remoto. Nós iríamos mapear toda a cobertura vegetal do Estado, áreas naturais e reflorestamentos, através de fotos aéreas.
Do Rio de Janeiro foram trazidos dois técnicos, também esalqueanos, que haviam trabalhado no IBC, no mapeamento da cafeicultura. Nosso trabalho era coordenado por um deles, Renato Serra Filho, irmão do nosso colega Serrinha. Como iríamos utilizar também fotos que eram consideradas “reservadas”, por cobrirem áreas consideradas de segurança nacional, tivemos que ser cadastrados no EMFA – Estado Maior das Forças Armadas, que de tempos em tempos vinha vistoriar os arquivos de fotos para ver se nenhuma delas havia sido extraviada.
Depois, em 1983, quando assumi a Diretoria Geral do Instituto, recebi a visita de um agente do DOPS. Como eu estava recém-empossado, chamei um colega, que já assessorava a diretoria havia algum tempo, para estar presente. Afinal, nós gerenciávamos áreas de Parques e Reservas na Serra do Mar e no Vale do Ribeira, que eram consideradas de segurança nacional.
A expectativa era de apreensão!
O referido agente veio acompanhado de um ajudante-de-ordem e, ao entrar, depois de ser anunciado, se apresentou, ocasião em que trocamos nossos cartões de visita.
A entrevista começou e, à medida em que respondia aos questionamentos, eu mostrava relatórios e planos de trabalho e ele os passava ao ajudante-de-ordem, que os ia colocando de lado. Imaginávamos que iria levá-los para examiná-los em detalhes posteriormente. O clima era sempre de suspense, naturalmente!
Mas, qual não foi nossa surpresa, quando terminou a reunião e eles iam saindo, deixando aquela pilha de uns vinte documentos, que haviam sido separados. Por acharmos que estavam esquecendo, eu perguntei se não iriam levar e, surpreso, recebi um não como resposta.
Após saírem, ficamos nos questionando, meu assessor e eu, qual teria sido a razão daquela visita.
O mais interessante foi que ele deve ter misturado meu cartão de visitas com os de seus amigos e, no final do ano, recebi um cartão festivo, com votos de Boas Festas.