Muito bom dia a todos; sejam muito bem-vindos.

 

Saúdo o Diretor da ESALQ, Engenheiro Agrônomo Durval Dourado Neto, na pessoa de quem cumprimento os ilustres componentes da mesa Coordenadora.

 

Queridos amigos e amigas da Turma de 69, expresso meu sentimento, a cada um de vocês, com a frase de Mario Quintana: “A amizade é o amor que nunca morre”.

 

Caríssimos colegas, agradeço imensamente a escolha para ser orador de nosso Jubileu de Ouro; uma enorme honra, uma grande responsabilidade, e a maior emoção profissional da minha vida. Para desempenhar esta missão, vou seguir o conselho – Fale em pé para ser visto, fale alto para ser ouvido, e fale pouco para ser aplaudido!

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Começo afirmando que as Escolas de Agronomia são a base de nossa pujante agricultura. A ESALQ destaca-se como uma das mais importantes do Brasil, e referência mundial.

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Este é o padrão de qualidade a ser alcançado. Mas lamentavelmente não é o que ocorre no Brasil. São 482 cursos de Agronomia que oferecem quase 100 mil vagas, sendo mais da metade de Ensino a Distância!

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Reconhecemos os avanços da tecnologia da informação. Mas qual a garantia da qualidade dos profissionais formados na Agronomia a Distância? Reconhecimento de doenças e pragas a distância? Identificação de solos a distância? Estudo de raças de animais a distância? E as aulas práticas?

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Os Conselhos Regionais e Federal, que fiscalizam o exercício profissional, e as entidades representativas de nossa categoria devem alertar as autoridades federais para a necessidade da formação de profissionais qualificados. Estes são formados na ESALQ, o sonho de Luiz Vicente de Souza Queiroz, graduado na Escola de Agronomia de Grignon, na França, e também na Suíça. Homem à frente de seu tempo, republicano e abolicionista militante, alforriou todos os escravos de suas fazendas. Sua esposa, Ermelinda Ottoni de Souza, intelectual e determinada, influiu na política local de Piracicaba, em uma época em que não era comum a participação feminina.

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Com alegria registro que o equilíbrio desejado entre homens e mulheres, igualmente responsáveis pelo desenvolvimento do país, é uma realidade na ESALQ. A participação de mulheres tem crescido significativamente: em 1992, eram 28% dos alunos, e em 2018, a metade - 50%.

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Este também é o momento para discutir a necessidade de se preservar a excelência dos futuros formandos da ESALQ. Como uma das qualidades desses profissionais é sua visão abrangente, devemos rechaçar a proposta de criação de uma Escola de Economia, Administração e Sociologia, que poderá restringir as atribuições dos Engenheiros Agrônomos. Vamos dizer não à mutilação do Curso de Agronomia da ESALQ!

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A melhoria do ensino e a qualificação dos profissionais são fundamentais para que o Brasil cumpra sua missão no mundo, em especial na produção de alimentos. Segundo a Organização das Nações Unidas, daqui a 30 anos, a população mundial será de 9,5 bilhões de habitantes, sendo necessário aumentar em mais de 60% a produção mundial de alimentos.

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Esta preocupação atual, já era 109 anos atrás nas palavras de Arthur Torres Filho, orador da Turma de 1910 da ESALQ, citando Clemenceau, médico e Primeiro Ministro francês: “Todos os homens têm fome, é a lei natural. Todos devem comer, é a lei da Justiça. Todos comerão, é a lei esperada”.

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A demanda será ainda maior se centenas de milhões de pessoas no mundo forem excluídas da miséria, da subnutrição e da fome, e passarem a ser consumidores de alimentos, uma questão de Justiça e Humanidade. Alimento é a base da Paz. Victor Hugo, um dos maiores escritores da França do século XIX, escreveu: “A paz é a virtude da civilização, a guerra é seu crime”. Assim o Brasil, como grande produtor de alimentos, tem a oportunidade ímpar de ser o garantidor da Paz Mundial.

 

E Sustentabilidade é o novo desafio da agricultura.

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Os recursos naturais são fundamentais para a produção agrícola. Recursos Naturais são a base da Vida. A conservação do solo, a preservação dos corpos hídricos e o uso racional da água, bem como a manutenção das florestas, são aspectos essenciais na Sustentabilidade da Agricultura.

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Nos últimos 30 anos, a produção agrícola brasileira foi cinco vezes maior que a área plantada. Este é um indicador de Sustentabilidade. Mantida a produtividade média das culturas de 1990, teria sido necessário desmatar, e incorporar à agricultura, mais 88 milhões de hectares, além dos 62 milhões atualmente ocupados.

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Produção agrícola com preservação do meio ambiente é fundamental também para evitar barreiras ambientais à exportação de nossos produtos agrícolas. Países importadores exercem o protecionismo de seus agricultores incapazes de concorrer em condições de igualdade com nossos produtores rurais.

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Ser sustentável deixou de ser opção para se tornar condição no acesso a mercados. Num futuro próximo, espera-se que a preservação dos recursos naturais represente um diferencial em termos econômicos, ou em acesso privilegiado a mercados mundiais.

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Encerrando, homenageio os que foram – e continuam sendo – importantes em nossas vidas. A melhor homenagem a Luiz de Queiroz é a frase em sua lápide: “O teu monumento é a tua escola”.

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Aos funcionários, pelo suporte administrativo durante todo o curso, nosso muito obrigado. Aos professores, pela contribuição na formação técnica, na disciplina e em nosso caráter, a nossa gratidão. Aos colegas que cedo nos deixaram, a saudade e a eterna lembrança. Aos familiares, pais, esposas, irmãos, filhos, e netos, nosso agradecimento por compartilharem momentos difíceis e felizes de nossas vidas.

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Finalmente, para demonstrar nosso sentimento em relação à ESALQ, tomo a liberdade de adaptar parte da letra do Hino de Piracicaba, cidade querida que tão bem nos acolheu: “Ninguém compreende a grande dor que sente o filho ausente a suspirar por ti ESALQ”

 

Viva a EA-69!